
Festa do Divino
por Águida Ferraz
Divina Fé de Cunha. A Festa do Divino é uma celebração de origem portuguesa trazida durante a colonização, e atualmente é uma das 10 principais festividades do calendário nacional. em nosso município é uma tradição devocional tri centenária, onde a pequena vila pacata no alto do Vale, se agitava com a pequena singela demonstração de fé a terceira pessoa da Santíssima Trindade. Na contemporaneidade, a solenidade cresceu, assim como a cidade e o festejo acabou se tornando o maior evento religioso de carácter devocional e de valores culturais e tradicionais que caracterizam o local como primordial foco de turistas e fiéis a procura dos agradecimentos de fé na região durante esse período. A Festa do Divino é uma festa cristã. A sua origem é tão antiga quanto o próprio cristianismo. O seu nome litúrgico é “Festa de Pentecostes”, a palavra pentecostes é de origem grega e significa “cinquenta dias”. No tempo de Jesus, a comunidade judaica celebrava uma festa típica, em agradecimento pelas colheitas, cinquenta dias após a Páscoa, da qual participavam judeus de todas as partes do mundo.

Rara imagem da década de 40, aonde vemos a Bandeira do Divino e os violeiros de procissão.
Nesse dia, Jesus enviou sobre os Apóstolos o Espírito Santo. Repletos e animais pelo Espírito Santo, os Apóstolos começaram a pregar corajosamente a Boa Nova de Jesus Cristo, Senhor e Salvador. O texto do Livro dos Atos dos Apóstolos sublinha a efusão do Espírito Santo e dos seus Dons sobre os Apóstolos e a realização da Nova Aliança selada por Deus em Cristo. A vinda do Espírito Santo foi anunciada aos Apóstolos por Jesus como “Advogado ” e “Consolador”. De Fato, é o Espírito Santo quem guia e conduz a Igreja pelos caminhos do mundo e da história. Jesus continua a sua obra salvadora, em prol de todos os homens, pela ação da Igreja, a qual para cumprir sua missão conta constantemente com a presença do Espírito Santo. A Igreja celebra a festa de Pentecostes com os paramentos vermelho, símbolo e sinal do amor com que Deus nos ama e do “fogo” que aquece, ilumina os corações dos discípulos de Jesus. O Espírito Santo é representado no símbolo de pomba. Já nas páginas do Novo testamento encontramos este símbolo, transmitindo o sentido de amor, pureza, paz, mansidão, bondade, vida nova. A plenitude da ação do Espírito Santo nos corações dos fiéis é representada em forma de Sete Dons: entendimento, ciência, sabedoria, conselho, piedade, fortaleza, temor de Deus. A Festa do divino remonta sua origem a Europa desde o séc. XII já se tem notícias da festa na França. Em Portugal, seu início reinado da rainha Isabel de Aragão, esposa de D. Dinis, que propagou o culto ao Divino Espírito Santo em 1323 e fundou a primeira Igreja do Espírito Santo na Vila de Alenquer.
Na região Sul do nosso país em especial Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a história dessa celebração remete ao Séc. XVIII, quando a chegada dos imigrantes açorianos vindo de Ilhéus ao Brasil. Ela ocorre cinquenta dias depois da Páscoa. O festejo inclui a Folia do Divino e a Novena do espírito Santo, cujo término marca o início da procissão da Bandeira do Divino, onde os fiéis peregrinam pelas ruas, exaltando o Terceiro elemento da Santíssima Trindade com cânticos de louvor. A Bandeira do Divino é considerada um dos maiores trabalhos de evangelização desenvolvido pela Igreja. A presença do Espírito Santo é recebida por qualquer família, independentemente de sua denominação religiosa. A tradição que se originou em Portugal, mantém viva como patrimônio histórico no Brasil. Em alguns Estados, a Festa do Divino mescla com manifestações Folclóricas e representações teatrais. Assim a Festa do Divino em Cunha, incorporou elementos dos costumes locais, da cultura africana e indígena em seus rituais, espelhando o sincretismo já existente no estado. Já em Paraty, os rituais se aproximam mais de sua origem portuguesa. Em todas as cidades, as celebrações contam com missa, procissões, novenas e quando há programação paralela, festa com barraquinhas e shows. Normalmente é comemorada durante as Festividades de Pentecostes -50 dias após a Páscoa, que acontece em maio ou junho.

A procissão da Festa do Divino, na pequena cidade de Cunha.
Já em Cunha, celebra-se as festividades do Espírito Santo no terceiro domingo do Mês de Julho, antecedendo de 9 dias de Novena. Durante todo o ano os festeiros do Divino percorrem os bairros e comunidade rurais e urbanas, levando a Bandeira do divino, símbolo da festa, e o sal, que é tradicional atributo de simplicidade e fartura na representação dos costumes locais. Em muitas casas na zona rural os festeiros é acompanhado pela folia do divino, que cantam suas variadas rezas e ,após feita a oração toda comunidade se reúne em uma confraternização .No mês de Julho os festeiros se reúnem na Casa do Império- Igreja Nossa Senhora do Rosário e na Igreja Matriz, para começarem a preparação de um dos maiores atributos tradicional visual da festividade, a ornamentação vermelhado em honra ao espírito Santo. O destaque dos vermelhos do divino faz tanto sucesso que a festa saiu das Igrejas e se tornou um dos maiores impactos de fé do povo cunhense. Na Festa, madrugada fria do inverno, a devoção aquece os corações dos devotos que levantam cedo para prestar homenagem ao espírito Santo. Uma multidão se reúne em frente à Casa do Império para o início da Alvorada Festiva que caminha pelas ruas do Centro até a Casa da Festa, onde ocorre a celebração da Santa Missa, o café com tradicional bolinho de arroz.
No final da tarde do primeiro dia de festividade, uma carreata concentra-se no portal da cidade, onde após as bençãos, percorre as principais ruas do município até a Casa do Império, no qual seguem em procissão das Bandeiras a Igreja Matriz, lugar em que ocorre as celebrações festivas. Durante a novena, procissões ligam a Igreja do rosário com a Igreja Matriz, além de repiques de sinos, encontro de folias, corrida e caminhada, apresentações de congadas e grupos de manifestações da cultura africana e indígena. Os bastidores movimentam a Casa da Festa, durante o evento, com a “Escolha do Feijão”, “Corte de Carne” e a preparação do Tradicional Afogadão – Almoço servido para de 30 mil pessoas no dia da Festa. No dia da Festa os sinos tocam as 5 hs da manhã, mas tarde a Santa missa, no final é distribuído sal, e estiado o Mastros Festivo.

Almoço comunitário da Festa do Divino de Cunha.
Após o Almoço servido na casa da Festa; durante o restante da tarde as brincadeiras movimentam o centro, com várias apresentações culturais e musicais, a noite o cortejo do Divino caminha pelas ruas do centro e finalizando com a Missa de encerramento e a Nomeação dos novos festeiros, terão a missão de realizar a maior festa do Divino do Estado de São Paulo .Símbolos do Divino : a Bandeira, a Coroa, as Fitas (promessas, agradecimentos),a Folia do Divino, o Sal Bento, o Tradicional Bolinho de Arroz, os Doces , a Visita .A Festa Do Divino é uma celebração aguardada pelos fiéis ao longo do ano. A festa é o reflexo de nossa cultura, é a mais tradicional festa popular da cidade de Cunha.
A Bandeira do Divino, na voz de Ivan Lins.
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